ESTÚPIDO talvez seja elogio desta vez...
2ª à noite, por volta das 19h, vou por o lixo à rua, antes que a Zé começe a atrofiar por ver lá o saco.
O que se segue é um relato fiel dos meus passos:
- Agarro no saco do lixo que está na cozinha e dirigo-me para a porta do apartamento.
- Destranco a porta que estava trancada com uma volta e saio.
- Desço pelo elevador, saio para a rua, atravesso e meto o saco no contentor.
Já perceberam?
Exacto, esqueci-me das chaves dentro de casa metidas na porta. "Ok. Ligo ao meu irmão e ele traz-me as suplentes." - Era bom que a solução fosse tão facíl. O mal da minha porta é que quando tem uma chave na fechadura é como se estivesse trancada, porque não abre. A não ser que a chave esteja na nossa posição favorita: na horizontal.
Não veio o meu irmão, mas veio o rapaz que trabalha comigo trazer-me a chave suplente e bazou.
É claro que a porta não abriu.
Toca a ligar para os bombeiros, explicar a situação e responder as perguntas de quem atende, que está a gozar o prato ao passar-nos um atestado de estúpidez.
Passado 10m da chamada lá apareceram os bombeiros, mto rapidos até. Expliquei mais uma vez a situação e o porque da chave suplente não abrir a porta. Tudo muito bem, tinhamos era de esperar pela polícia para eles poderem entrar. Chega a polícia, passado pouco tempo também, mais uma vez explíco tudo e o mesmo blá blá blá dos bombeiros.
Polícia : - A casa é sua?
Eu : - É. Comprei-a à um ano.
P : - E têm a sua documentação consigo?
E : -Tenho. Tenho o BI.
P : - Então vamos lá entrar e tratar disso.
Para melhorar as coisas a chave suplente da rua não queria abrir a porta. Depois de muitos tiques lá foi. 4º andar e tal:
P : - Chegue aqui s.f.f com a sua documentação - chama-me um policia que se encontrava nas escadas. E eu lá fui.
O polícia fecha a porta atrás de mim, e começo logo a ouvir os bombeiros e o outro polícia a fazerem qualquer coisa a porta.
P : - O seu BI diz que é residente na Penha de França.
E : - Era. Vivia com a minha mãe e ainda não o actualizei.
P : - Tem o cartão de ressenciamento consigo?
E : - Não estou ressenciado.
P : - Tem algum documento que prove que a casa é sua?
(Hum... já estão a ver o filme seguinte)
E : - Aqui comigo não.
P : - Então quando entrarmos vou precisar de ver uma conta sua. Pode ser uma qualquer.
E : -Hum... pois... Acho que isso não vai ser possivel. Não tenho os contratos em meu nome, ainda estão em nome do meu irmão a quem comprei a casa.
P : - Mau!!! (Dizem sempre isto e nunca é bom sinal) Mas afinal quem é que mora aqui?
E : - Sou eu, só não tenho é nada em meu nome a não ser a casa.
P : -Tem ao menos a escritura lá dentro? Correio em seu nome? Alguma coisa?
E : - Só fotos e a gata. O resto está tudo no meu escritório.
Depois de um Cranckkkkk bem sonoro.
P : - Vamos lá ver isso então. À minha frente s.f.f. - e acreditem que já não estava a ser tão amigavél.
Depois de andar a demonstrar o problema da chave, os bombeiros lá se foram embora. A Polícia não.
P : - É assim: ou prova que a casa é sua, ou vai ter de vir connosco para a esquadra até apresentar prova.
E : - Mas eu já lhe disse que não tenho cá nada. Só fotos e a gata.
P : - Pois mas isso não serve. Vai ter de vir connosco até apresentar prova.
Já estava eu a preparar-me para ir parar à esquadra da Zona J, pelo que me dizem é muito simpática, quando se ouve uma vozinha:
V : - Olá Paulo, está tudo bem? - era a minha vizinha do lado. Juro que dentro da minha cabeça soou um canto coral "AAAALEEEELLLUUIAAA, ALLLLEEELLLLUIAAA".
P : - Boa noite, a senhora pode confirmar que este jovem mora aqui?
V : - Sim. Mora aqui há um ano. Comprou a casa ao irmão. - mais uma vez, "AAAALEEEELLLUUIAAA, ALLLLEEELLLLUIAAA".
E : - Pronto, confirma-se então?
P : - Sim. Desculpe lá mas são os procedimentos.